ASPECTOS
HISTÓRICOS
A história do nosso
município teve início de um povoamento que se formou em um vale, num lugar que
podia ser facilmente protegido contra os inimigos. Os primeiros moradores
ocuparam as margens do rio Dois de Setembro para usar água com maior
facilidade, tomar banho, fazer comida, lavar roupa e pescar. Algumas pedras
anônimas cercam a região Central. Ecoporanga, a sede, é praticamente murada de
pedras naturais.
O município surgiu
onde as pessoas plantavam e criavam animais. Os primeiros moradores que aqui
chegaram, vieram em busca de melhoria de vida. À medida que chegavam iam se
instalando de acordo com as condições formando assim os povoados.
Os povoados
começavam com um pequeno grupo de pessoas. À medida que as condições de vida
foram favoráveis, aumentava o número de moradores. As pessoas compravam e
vendiam mercadorias. Dessa forma cresceu e se transformou em vila. Novas
modificações iam sendo feitas, em um ritmo cada vez mais rápido. Árvores iam
sendo derrubadas para dar lugar a plantações, pastagens e todo o tipo de
construções, como lojas, indústrias, escolas, hospitais e moradias. A vila
crescia e casas e prédios foram construídos, escolas e hospitais foram abertos
e pessoas foram modificando o espaço, que se transformou em cidade.
A revolta de
Ecoporanga foi o desfecho de um processo iniciado depois de 1928, quando a
inauguração da ponte rodoviária sobre o rio Doce, em Colatina (ES), acelerou a
derrubada, até então moderada, das exuberantes florestas do norte do Espírito
Santo. Um ambiente típico das fronteiras agrícolas atraiu para aquela área
pouco habitada gente do próprio Espírito Santo, da Bahia e de Minas Gerais,
principalmente. Gente em busca de trabalho e riqueza. Trabalhadores,
empresários, aventureiros em geral, gente bem intencionada e mal intencionada
também, campeões do machado, carpinteiros e marceneiros, simples agricultores,
motoristas, mecânicos, comerciantes, prestadores de serviços e fugitivos das
autoridades judiciais, que se tornavam mão-de-obra armada a serviço de quem
pagasse melhor. Bem armados e bem pagos, os jagunços deram então a região a
fama de ser “um viveiro de pistoleiros”.
A dupla
jurisdição seguia na região. Nasce outro povoado, (mais tarde elevado à cidade
pelos dois estados) um pouco ao norte de Barra de São Francisco e Mantena,
chamado de Joeirana, pelos capixabas, e de Ataleia, pelos mineiros (Pontes,
2007:45).
O Espírito Santo
também investe em infraestrutura na região para firmar-se e cria alguns
destacamentos policiais para garantir postos fiscais capixabas. Porém, estes
agentes de estado não valeram de voz ativa sobre os criminosos que se
refugiavam para a região. A dupla jurisdição não dava autonomia a nenhuma
entidade jurídica dos dois estados, dificultando a aplicação da justiça.
Indiferentes a
essas disputas jurídicas, as famílias continuavam a adentrar a floresta,
abrindo a fronteira agrícola, cultivando alimentos, enfrentando animais e
doenças típicas da região, até que começaram a deparar-se com proprietários
portando documentos emitidos por cartórios mineiros. Assim surgiram os
primeiros conflitos entre latifundiários e camponeses, que se deram
principalmente na região de Cotaxé.
Por volta de 1934
chegava a estas terras um desbravador chamado Jacinto Antônio Dias. O novo
pioneiro é um homem que veio das terras de Minas Gerais, saindo de Conselheiro
Pena trazendo junto nesta caminhada de migrante a mulher Guilhermina Joana de
Jesus e seus doze filhos. Ergueu um rancho de palmito num lugar chamado
represa.
A mando do governo
de Minas Gerais, Jacinto tomou posse de uma terra nova, onde criou um núcleo de
desbravadores para que povoasse a região. Ele fez a doação de 28 hectares para o Frei
Inocêncio de Comiso destinado a fundação de um patrimônio em honra de Nossa
Senhora de Monte Serrat em 1937.
A presença do frei, no Alto São Mateus, estava
ligada a ação missionária que esses religiosos, desde a década de setenta do
século XIX exerceram nas selvas entre os rios Mucuri e Doce, na catequese dos
índios e na pregação de missões ambulantes. A partir da doação desta terra foi
formado o núcleo populacional que receberia a denominação de Patrimônio do
Quinze.
Os tropeiros
tiveram grande importância no comércio, pois, vendiam mercadorias de um lugar
para outro. As pessoas que não tinham animais iam a pé daqui a Barra de São
Francisco em busca de sal, remédios, querosene e outras mercadorias.
Com o
desenvolvimento da região, baseado na exploração da madeira para abastecer de
matéria-prima as serrarias e o desmatamento para as plantações de café, o
Patrimônio do Quinze, em 1943, foi elevado a distrito. Cinco anos mais tarde,
pela lei nº 167 de 24 de dezembro de 1948, o município de Joeirana foi criado,
com sede em Joeirana nesta localidade. Na lei nº 773 de 29 de dezembro de 1953 transfere
a sede do distrito de Ribeirãozinho para o povoado de Rubinópolis. No Art. 7º
da mesma lei, a região que se encontra o recém-criado Distrito de Ecoporanga é desmembrado
do Município de Barra de São Francisco-ES e passa a fazer
parte do Município de Joeirana (atual Ataléia-MG).
Toda esta região
estava no chamado “Contestado”, disputa de terras entre os estados de Minas
Gerais e Espírito Santo. No início de 1955 a sede do Município de Joeirana estava
ocupada por autoridades do Estado vizinho, então o Presidente da Assembleia
Legislativa do Espírito Santo, o mesmo Jefferson de Aguiar que a pouco mais de
um ano antes havia tornado Ecoporanga distrito de Joeirana, fez no dia 12 de
janeiro de 1955 a
lei N° 897, que autorizava a instalação da sede do Município de Joeirana no
Distrito de Ecoporanga. O Presidente autorizou ainda que o Governador nomeasse
o Prefeito Municipal de Joeirana, que foi Tolentino Xavier Ribeiro, até que o
Tribunal Eleitoral determinasse a realização de eleições para prefeito e
vereadores. O Município de Joeirana ficou assim dividido: Ecoporanga (sede) e
os distritos de Cotaxé, Novo Horizonte, Joaçuba e Joeirana. Esta transferência
de sede do Município foi autorizada até que Minas Gerais devolvesse a sede
original para o Estado do Espírito Santo, porém este fato nunca ocorreu.
O Município de
Joeirana com sede em Ecoporanga foi efetivamente instalado em 9 de abril de
1955, permanecendo praticamente 1 ano e meio no local, data que é comemorada
até hoje como a fundação do município. Porém somente em 16 de outubro de 1956, aconteceu
a instalação do novo município na vila de Ecoporanga, após inúmeras
divergências quanto a escolha da sede do município, atrasando o processo de sua
instalação, é que Ecoporanga passou a integrar política e administrativamente o
Estado do Espírito Santo. Criando assim sua própria comarca.
A instabilidade era
tanta que, nessa região, na virada dos anos 40 para os anos 50, posseiros
comandados por um líder, Udelino Alves de Matos, ensaiaram a criação de um
estado independente no contestado – o Estado da união de Jeovah. No ano de
1952, Udelino, trouxe posseiros da Bahia, pensando em povoar a região e formar
um estado independente e isso causou discórdia, violência e mortes bárbaras
causando uma revolta camponesa. O fato durou cerca de 12 anos considerando um verdadeiro massacre em
Cotaxé que foi comparado com a Guerra De
Canudos. A sede do contestado era na “Casa de Tábua” hoje é uma fazenda próxima
ao distrito de Cotaxé.
Entretanto, essa
pretensão foi sufocada pela união das políticas mineira e capixaba com o apoio
dos grandes fazendeiros locais. Afinal, em 15 de setembro de 1963, os
governadores do Espírito Santo e de Minas Gerais, Francisco Lacerda de Aguiar e
Magalhães Pinto, respectivamente, chegaram a um acordo e acertaram a partilha
da região encerrando anos de litígio fronteiriço.
Texto
de autoria de Ana Fritz, professora do Sistema Municipal de Ensino de Ecoporanga,
baseado em pesquisas e trabalhos sobre as fronteiras do Espirito Santo com Minas
Gerais .
Parabéns Ana pelo seu belíssimo trabalho.
ResponderExcluirUma visão histórica da prof. Ana sobre a cidade de ecoporanga
ResponderExcluirÉ verdade eu vive esta época e hoje me sinto orgulhoso pelo trabalho da minha família por este município que tanto amo .Meus Pais ajudaram no seu crescimento e desenvolvimento e com muito orgulho eu digo meu pai era MATIAS BARBOSA que chegou neste município em 04 de fevereiro de 1951 quando ainda era contestado e a primeira lâmpada a acender nesta cidade foi pelas mãos dele.
ResponderExcluirTenho muito orgulho porque meus pais fizeram parte desta época são eles Salustiano Moreira de Oliveira e .Antonia Assunção meu pai trabalhou nas lojas de tecidos de.Jose Soares Neto seu fizinho pai de Gilson Soares Neto
ResponderExcluirParabéns eu já fazia parte desta terra durante vários conflitos.
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