terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

HISTÓRICO DE ECOPORANGA

ASPECTOS HISTÓRICOS

A história do nosso município teve início de um povoamento que se formou em um vale, num lugar que podia ser facilmente protegido contra os inimigos. Os primeiros moradores ocuparam as margens do rio Dois de Setembro para usar água com maior facilidade, tomar banho, fazer comida, lavar roupa e pescar. Algumas pedras anônimas cercam a região Central. Ecoporanga, a sede, é praticamente murada de pedras naturais.      
O município surgiu onde as pessoas plantavam e criavam animais. Os primeiros moradores que aqui chegaram, vieram em busca de melhoria de vida. À medida que chegavam iam se instalando de acordo com as condições formando assim os povoados.
Os povoados começavam com um pequeno grupo de pessoas. À medida que as condições de vida foram favoráveis, aumentava o número de moradores. As pessoas compravam e vendiam mercadorias. Dessa forma cresceu e se transformou em vila. Novas modificações iam sendo feitas, em um ritmo cada vez mais rápido. Árvores iam sendo derrubadas para dar lugar a plantações, pastagens e todo o tipo de construções, como lojas, indústrias, escolas, hospitais e moradias. A vila crescia e casas e prédios foram construídos, escolas e hospitais foram abertos e pessoas foram modificando o espaço, que se transformou em cidade.
A revolta de Ecoporanga foi o desfecho de um processo iniciado depois de 1928, quando a inauguração da ponte rodoviária sobre o rio Doce, em Colatina (ES), acelerou a derrubada, até então moderada, das exuberantes florestas do norte do Espírito Santo. Um ambiente típico das fronteiras agrícolas atraiu para aquela área pouco habitada gente do próprio Espírito Santo, da Bahia e de Minas Gerais, principalmente. Gente em busca de trabalho e riqueza. Trabalhadores, empresários, aventureiros em geral, gente bem intencionada e mal intencionada também, campeões do machado, carpinteiros e marceneiros, simples agricultores, motoristas, mecânicos, comerciantes, prestadores de serviços e fugitivos das autoridades judiciais, que se tornavam mão-de-obra armada a serviço de quem pagasse melhor. Bem armados e bem pagos, os jagunços deram então a região a fama de ser “um viveiro de pistoleiros”.
A dupla jurisdição seguia na região. Nasce outro povoado, (mais tarde elevado à cidade pelos dois estados) um pouco ao norte de Barra de São Francisco e Mantena, chamado de Joeirana, pelos capixabas, e de Ataleia, pelos mineiros (Pontes, 2007:45).
O Espírito Santo também investe em infraestrutura na região para firmar-se e cria alguns destacamentos policiais para garantir postos fiscais capixabas. Porém, estes agentes de estado não valeram de voz ativa sobre os criminosos que se refugiavam para a região. A dupla jurisdição não dava autonomia a nenhuma entidade jurídica dos dois estados, dificultando a aplicação da justiça.
Indiferentes a essas disputas jurídicas, as famílias continuavam a adentrar a floresta, abrindo a fronteira agrícola, cultivando alimentos, enfrentando animais e doenças típicas da região, até que começaram a deparar-se com proprietários portando documentos emitidos por cartórios mineiros. Assim surgiram os primeiros conflitos entre latifundiários e camponeses, que se deram principalmente na região de Cotaxé.
Por volta de 1934 chegava a estas terras um desbravador chamado Jacinto Antônio Dias. O novo pioneiro é um homem que veio das terras de Minas Gerais, saindo de Conselheiro Pena trazendo junto nesta caminhada de migrante a mulher Guilhermina Joana de Jesus e seus doze filhos. Ergueu um rancho de palmito num lugar chamado represa.
A mando do governo de Minas Gerais, Jacinto tomou posse de uma terra nova, onde criou um núcleo de desbravadores para que povoasse a região. Ele fez a doação de 28 hectares para o Frei Inocêncio de Comiso destinado a fundação de um patrimônio em honra de Nossa Senhora de Monte Serrat em 1937.
 A presença do frei, no Alto São Mateus, estava ligada a ação missionária que esses religiosos, desde a década de setenta do século XIX exerceram nas selvas entre os rios Mucuri e Doce, na catequese dos índios e na pregação de missões ambulantes. A partir da doação desta terra foi formado o núcleo populacional que receberia a denominação de Patrimônio do Quinze.
Os tropeiros tiveram grande importância no comércio, pois, vendiam mercadorias de um lugar para outro. As pessoas que não tinham animais iam a pé daqui a Barra de São Francisco em busca de sal, remédios, querosene e outras mercadorias.
Com o desenvolvimento da região, baseado na exploração da madeira para abastecer de matéria-prima as serrarias e o desmatamento para as plantações de café, o Patrimônio do Quinze, em 1943, foi elevado a distrito. Cinco anos mais tarde, pela lei nº 167 de 24 de dezembro de 1948, o município de Joeirana foi criado, com sede em Joeirana nesta localidade. Na lei nº 773 de 29 de dezembro de 1953 transfere a sede do distrito de Ribeirãozinho para o povoado de Rubinópolis. No Art. 7º da mesma lei, a região que se encontra o recém-criado Distrito de Ecoporanga é desmembrado do Município de Barra de São Francisco-ES e passa a fazer parte do Município de Joeirana (atual Ataléia-MG).                                                                    
Toda esta região estava no chamado “Contestado”, disputa de terras entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. No início de 1955 a sede do Município de Joeirana estava ocupada por autoridades do Estado vizinho, então o Presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, o mesmo Jefferson de Aguiar que a pouco mais de um ano antes havia tornado Ecoporanga distrito de Joeirana, fez no dia 12 de janeiro de 1955 a lei N° 897, que autorizava a instalação da sede do Município de Joeirana no Distrito de Ecoporanga. O Presidente autorizou ainda que o Governador nomeasse o Prefeito Municipal de Joeirana, que foi Tolentino Xavier Ribeiro, até que o Tribunal Eleitoral determinasse a realização de eleições para prefeito e vereadores. O Município de Joeirana ficou assim dividido: Ecoporanga (sede) e os distritos de Cotaxé, Novo Horizonte, Joaçuba e Joeirana. Esta transferência de sede do Município foi autorizada até que Minas Gerais devolvesse a sede original para o Estado do Espírito Santo, porém este fato nunca ocorreu.
O Município de Joeirana com sede em Ecoporanga foi efetivamente instalado em 9 de abril de 1955, permanecendo praticamente 1 ano e meio no local, data que é comemorada até hoje como a fundação do município. Porém somente em 16 de outubro de 1956, aconteceu a instalação do novo município na vila de Ecoporanga, após inúmeras divergências quanto a escolha da sede do município, atrasando o processo de sua instalação, é que Ecoporanga passou a integrar política e administrativamente o Estado do Espírito Santo. Criando assim sua própria comarca.
A instabilidade era tanta que, nessa região, na virada dos anos 40 para os anos 50, posseiros comandados por um líder, Udelino Alves de Matos, ensaiaram a criação de um estado independente no contestado – o Estado da união de Jeovah. No ano de 1952, Udelino, trouxe posseiros da Bahia, pensando em povoar a região e formar um estado independente e isso causou discórdia, violência e mortes bárbaras causando uma revolta camponesa. O fato durou cerca de 12 anos  considerando um verdadeiro massacre em Cotaxé  que foi comparado com a Guerra De Canudos. A sede do contestado era na “Casa de Tábua” hoje é uma fazenda próxima ao distrito de Cotaxé.

Entretanto, essa pretensão foi sufocada pela união das políticas mineira e capixaba com o apoio dos grandes fazendeiros locais. Afinal, em 15 de setembro de 1963, os governadores do Espírito Santo e de Minas Gerais, Francisco Lacerda de Aguiar e Magalhães Pinto, respectivamente, chegaram a um acordo e acertaram a partilha da região encerrando anos de litígio fronteiriço.
 Texto de autoria de Ana Fritz, professora do Sistema Municipal de Ensino de Ecoporanga, baseado em pesquisas e trabalhos  sobre as fronteiras do Espirito Santo com Minas Gerais .

5 comentários:

  1. Parabéns Ana pelo seu belíssimo trabalho.

    ResponderExcluir
  2. Uma visão histórica da prof. Ana sobre a cidade de ecoporanga

    ResponderExcluir
  3. É verdade eu vive esta época e hoje me sinto orgulhoso pelo trabalho da minha família por este município que tanto amo .Meus Pais ajudaram no seu crescimento e desenvolvimento e com muito orgulho eu digo meu pai era MATIAS BARBOSA que chegou neste município em 04 de fevereiro de 1951 quando ainda era contestado e a primeira lâmpada a acender nesta cidade foi pelas mãos dele.

    ResponderExcluir
  4. Tenho muito orgulho porque meus pais fizeram parte desta época são eles Salustiano Moreira de Oliveira e .Antonia Assunção meu pai trabalhou nas lojas de tecidos de.Jose Soares Neto seu fizinho pai de Gilson Soares Neto

    ResponderExcluir
  5. Parabéns eu já fazia parte desta terra durante vários conflitos.

    ResponderExcluir